terça-feira, 3 de junho de 2008

uma casa


garden
© Sílvia Dias
(2007)


Na enfermidade dos dias que correm, decorei cada traço desconexo da linha contínua da tua existência. Não ouses encontrar-me um sentido. Estará sempre incorrecto e ultrapassado no momento em que conseguires descodificar(-me). O compasso irregular deste comboio agonia-me pela proximidade das horas. Faltam breves minutos para regressar ao casulo colorido, recheado pelo eco de risos estridentes. É o espaço onde nos torturamos continuamente, durante as horas em que dura o sol. Temos vivido da noite. Calma, generosa. Maternal. E é na regularidade rotineira dos acontecimentos que temos alimentado a ilusão de uma futura estabilidade. Uma casa. Um quarto. Uma cama para dormir. Um espaço físico chamado nós, que vá além do transcendental. Como se fosse possível. Estaremos possivelmente errados. Desejavelmente.



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