terça-feira, 19 de agosto de 2008

rascunho


sem título
© Sílvia Dias
(2007)


Há o refluxo estranho de quem não quer olhar. É deste lado do espelho que permaneço imaculada, o reverso não é real, mesmo que seja com ele que viva inconstantemente. Era tão mais simples se não tivesse questionado. Se me tivesse recusado a ouvir. Hoje teria paz comprada com um punhado das tuas lágrimas, medida com o peso dos traumas que terias suportado em silêncio. E seria tão mais simples.

Corro as cortinas e deixo cair o corpo pela cama. Pela cama, exactamente. Tenho o corpo aos pedaços e vai caindo conforme calha. Aconchego o rosto na planta do pé e adormeço profundamente.